Chapada Diamantina, um lugar encantado!
Uma das paisagens da Chapada |
Neste post, vou contar pra vocês os principais passeios que fizemos em 15 dias de viagem, alguns lugares que nos hospedamos, as cidades que passamos e principalmente como se virar por lá, já que quando fui pesquisar sobre esses assuntos na internet, não achei muita coisa.
Fomos de carro em 4 pessoas, eu, meu namorado e mais dois amigos, saindo de Brasília e já adianto que essa não foi uma viagem pra descansar, ficar em hoteis caros e ir nos melhores restaurantes. Combinamos já de inicio que iriamos gastar menos dinheiro possível, então levamos barracas, sacos de dormir e muitas comidinhas que não perdem sem refrigeração, como castanhas, pasta de amendoim, torradas, frutas secas, etc. Ou seja, já deu pra perceber essa foi uma viagem mais roots, né?.
A CHAPADA DIAMANTINA
Sempre que viajo gosto de saber sobre a história e curiosidades do lugar. Na Chapada foi assim, eu pesquisei um monte de coisas na internet, mas aprendi mesmo foi com as pessoas que vivem lá.
Durante muitos anos a Chapada foi fonte de extração principalmente de diamantes, depois com o declínio do garimpo a economia começou a girar em torno do comércio das sempre-vivas e hoje em dia do turismo. Lá tem grutas, trilhas, nascentes, várias cachoeiras, sítios arqueológicos, natureza bastante diversificada e passeios que precisaria de dois meses pra poder conhecer tudo.
A IDA
Saímos de Brasília num sábado, mais ou menos 5 da manhã. Tínhamos em mente dormir na cidade de São Desidério (já na Bahia), pois vimos na internet que lá tem muitas cachoeiras por perto. Mas acabamos desistindo porque não tinha ninguém que pudesse nos informar muita coisa, seguimos então pra Seabra, chegando umas 21 horas e passamos a noite lá.
GRUTA DA TORRINHA, LAGOA DA PRATINHA E GRUTA AZUL
Torrinha |
De lá seguimos pra Lagoa da Pratinha e Gruta Azul, que ficam no mesmo lugar. Só pra entrar na propriedade custa R$ 30 por pessoa e só te dá direito a tomar banho na lagoa e olhar a gruta. Qualquer coisa que você queira fazer é pago, a tirolesa custa R$ 10, a flutuação com colete salva-vidas R$ 40 e um pacote com fotos suas custa R$ 60.
Gruta Azul |
VALE DO CAPÃO
No mesmo dia seguimos rumo ao Vale do Capão e nos hospedamos no camping do Seu Dai pagando R$ 15 por pessoa por dia.
Camping do Seu Dai |
Saindo do Capão dá pra fazer várias trilhas, como a da Cachoeira Angélica e Purificação, Poço do Gavião e principalmente a do Vale do Pati. Vale a pena conhecer também o Riachinho e bem pertinho uma vila chamada Conceição dos Gatos. Logo na entrada de Conceição tem uma restaurante chamado Zezão e Zenaide que dá acesso à cachoeira das cobras (R$ 4) e também serve uma comida muito boa. Por falar em comida, se passar pelo Capão, não deixe de experimentar o pastel de palmito de jaca, a pizza integral, o godó de banana e a palma. Lá é o paraíso dos vegetarianos!
Oh o tanto que a jaca é importante lá! |
Apesar de ser bonitinha com aquelas casinhas coloridas, chão de pedras e tal, essa foi a cidade que menos gostamos por conta dos preços. Eu fiquei impressionada de verdade, pra se ter ideia o preço de uma cerveja longneck em qualquer restaurante do centro é R$ 11!
Por sorte achamos a pousada São José II, o preço da diária era R$ 80 o quarto sem ar condicionado e R$ 100 com ar para o casal.
Lençóis |
POÇO DO DIABO, MORRO DO PAI INÁCIO, SERRA DAS PARIDAS E CACHOEIRA DO MOSQUITO
Todos esse lugares são relativamente perto um do outro. A entrada do Poço do Diabo fica em um restaurante/loja na BR 242, daí é super possível fazer a trilha até o poço sem guia, é bem bonito o lugar e bom pra tomar banho. Tirando o poço, os outros 3 passeios fizemos em um dia, fomos de manhã pra Serra das Paridas, seguimos pra Mosquito e depois pro Pai Inácio.
Poço do Diabo |
Chegamos lá graças ao GPS, pois decidimos ir sem guia e pra nossa sorte foi a melhor coisa que fizemos. Fomos recebidos por Railton, o caseiro que cuida do local e acompanha os pesquisadores que vira e mexe vão pra lá realizar estudos. Foi um dos melhores passeios que fizemos, o Railton é uma figura e sabe muito sobre as pinturas, nos deu uma verdadeira aula.
Pra mim foi muito emocionante ver aquelas pinturas milenares, tem representações de peixes, tartarugas, onças, pessoas (em especial as paridas, que são mulheres no ato de dar à luz de cócoras) e até um et! O valor pra visitar foi R$ 25 por pessoas + R$ 80 do Railton.
O etezinho |
Mosquito |
Logo em seguida fomos para o Morro do Pai Inácio ver o pôr do sol, a entrada custa R$ 6 e valeu super a pena subir o morro ingrime. Apesar de clichê é um passeio que não pode deixar de ser feito, é realmente belo aquele pôr do sol, só não esqueça de levar blusa de frio, o vento lá é muito forte.
Vista do Pai Inácio |
Uma curiosidade que descobri depois, é que lá já foram encontrados ossos de animais pré-históricos, como mastodontes, tatu gigante, tartaruga e principalmente uma preguiça gigante.
Flutuação no Poço Azul |
IGATÚ E MUCUGÊ
As cidades ao redor da Chapada são muito próximas umas das outras, o que é muito legal pois você pode conhecer vários lugares em um só dia, é o caso de Igatú e Mucugê!
Igatú |
Cachoeira dos Pombos |
Brotinho de Sempre-Viva |
Tiburtino |
Encaramos um trekking de 3 dias dentro do Vale do Pati que fica bem no meio da Chapada. Antes de tudo pesquisamos preços em agências e achamos super caro, especialmente saindo de Lençóis. Fomos orientados então, a procurar guias não credenciados a agências, o que nos levou a uma vila chamada Guiné. Lá uma pessoa nos indicou Pedro, o presidente da associação de guias de Guiné. Combinamos tudo direitinho com ele, horário e valores: saindo no dia seguinte às 8 da manhã pra ficar 3 dias no vale por R$ 200 a diária dele + o valor para nos hospedar na casa dos nativos. Então fomos nós!
Ao fundo o Vale do Pati |
Inicialmente pensamos em levar barracas para acampar, mas o peso das mochilas nos fez desistir e acabamos tentando levar só o básico e comida para cozinharmos à noite. A trilha começa no pé de um morro, eu que sou sedentária e tenho pouco preparo físico sofri muito nessa subida, mas quando olhei pro lado e vi um senhor magrelo carregando um tanquinho nas costas dizendo que tava de ressaca eu tratei de fingir que tava ótima rs. Logo em seguida chega uma parte reta com uma vista maravilhosa do vale e depois uma descida ingrime e mais uma caminhada e chegamos na Igrejinha.
Depois de uma pausa pra deixar as mochilas e fazer um lanche, seguimos para a Cachoeira do Funil, voltamos pra Igrejinha no final da tarde totalizando uns 10 Km de caminhada nesse dia.
Vista da janela na Igrejinha |
Ah e sobre a Igrejinha, é uma comunidade bem simples mas com estrutura pra receber os visitantes, com camas, banheiros e cozinha. Nós optamos por dormir em quartos lá e fazer nossa própria comida, o que custou R$ 35 por noite (por pessoa) + R$ 10 por dia de uso da cozinha (grupo). Muitas pessoas preferem pagar o jantar e o café da manhã feitos pelos locais da comunidade, o que fica R$ 100 por dia. Eu gostaria de ter feito isso por uma questão de incentivo e de provar da comida (que dizem ser muito boa) e também porque fazer refeições descentes ajuda bastante quando se está fazendo trilha.
Comunidade da Igrejinha |
Pensa num lugar alto |
Acho que essa foi uma das experiências mais lindas que eu já tive na vida, estar no meio da natureza com pessoas tão legais superando os limites que nem eu sabia que seria capaz é muito bom! Gratiluz rs!
Esse é o guia Pedro |
BURACÃO
Buracão embaixo |
Buracão de cima |
O Buracão é impressionante, tem um volume de água forte pois é resultado do encontro de 3 rios. É obrigatório o uso do colete para quem quer chegar lá flutuando ou dá pra ir pelas pedras também. Lindíssimo!
ALGUMAS DICAS
App para celular
Tem um aplicativo chamado Guia da Chapada Diamantina pra baixar grátis no celular, é só buscar no Google Play.
Contratação de guias
A maior parte dos passeios que tem na Chapada não tem placas informando direitinho como se chega no lugar, acho que isso é uma estratégia pra obrigar as pessoas a procurarem guias. Acho que ter um guia pode tonar o passeio mais rico e obviamente mais seguro, além de que é a forma que muitas pessoas tem de sobreviver. Porém, nem todas as trilhas necessitam realmente de um guia, nos viramos até bem usando o Google Maps e principalmente perguntado para os moradores.
Natureza
Dá pra fazer uma viagem rica pra Chapada, lá tem pousadas e restaurantes sofisticados e até uns SPA's chiques. Mas se você, assim como nós fizemos, quer fazer um mochilão, prepare-se pra estar em contato com a natureza quase o tempo todo, então essa não é uma viagem pra quem se incomoda com insetos, sol, animais, cachoeiras com água gelada (parece água que saiu da geladeira), comida simples, acordar e dormir cedo, etc.
Trekking
>> usar um tênis qualquer, não faça isso! Tenha de preferência uma bota super confortável;
>> comida, eu que tenho o metabolismo muito ligeiro, sofri demais com fome. Leve comidas leves mas que encha o bucho, como pão, barras de cereais, atum em lata, frutas, etc.
>> preparo físico, esse danado me fez muita falta, principalmente nas subidas!
Rodovias
Fomos por Brasília passando por Formosa e Posse ainda no estado de Goiás, essa parte é até tranquila. Quando chega na BA-463 a via é quase deserta, entretanto é muito esburacada e a BA-242 eu achei um tanto perigosa por ter quase que só caminhões, vimos também muitos animais na pista.
Distância e gasolina
Gastamos um total de R$ 1.157 entre sair de Brasília, fazer os passeios e voltar, andamos mais ou menos uns 3.000 Km.
Espero com esse post, ajudar quem tem planos de ir pra Chapada, um lugar que com certeza quero voltar pra fazer os passeios que não tivemos oportunidade :)
Natália,
ResponderExcluirAgradeço muito suas dicas.
Estou indo com minha esposa para lá dia 05/07 (quarta próxima) e estarei atento às suas sugestões.
Valeu !!!
Toninho Galdeano
Olá, Toninho, que ótimo que gostou das dicas!
ExcluirBoa viagem e aproveite a Chapada,
abraço!